Hoje esta difícil dormir, já deitei umas 3x e fico bolando
na cama, já são qs 5 da manhã e não consegui
pregar os olhos, sinto que vou precisar de diasepan se continuar assim,
resolvi levantar andar pela casa foi quando vi meu caderno de escritos achei
esse texto datado de agosto de 2011 resolvi digitar e publicar quem sabe o sono
não me Abdus antes, o que não seria de todo ruim..rrs...vamos ao texto
Hoje decidi
um novo recomeço em minha via, no meio de tantos outros, parei para pensar
sobre isso e fui relembrar quantas vezes recomecei do zero... Foram muitas oh!
Muitos
desafios, caminhada árdua, engraçado que recomeço so exigem esforços que
parecem doídos no momento, mas sempre precisamos fazê-los quando não temos
força de continuar.
Vou fazer
uma listagem de recomeço em minha vida ...Recomecei quando tinha apenas 11 anos
de idade e meus pais se separaram, sai de casa debaixo da proteção do papai e
da mamãe para uma vida totalmente nova, cheia de desafios que para a cabeça de
uma criança de apenas 11 anos apenas uma luz existia..estudar..estudar...estudar,
me vi dependendo de mim mesmo com um único alvo, pois já não sentia proteção de
pais, com muita dificuldade,morando na casa de parentes e por vezes ate desconhecidos
que consegui cativar e tornaram –se parentes....É a vida realmente me foi
desafiadora, mais ate ai venci...
Até que outro
recomeço mais desafiador ainda veio sobre mim, tudo ia bem, trabalhava durante
o dia, estudava a noite, e aos finais de semana trabalhava em um bar pra complementar
a renda de casa, visto que minha mãe estava desempregada com meus dois irmãos
menores pra sustentar, e eu a única que poderia trabalhar no momento...A vida
era muito cansativa sim, porem, alegre e cheia de encantos, não tinha tempo
para paixões nem pra festas , isso com 17 anos apenas.Até que comecei a sentir
dores, não dei muita importância pra elas, porem com o tempo foram aumentando
acompanhada de febre alta, daí toda aquela rotina de tudo programado, de sem
tempo pra nada deu lugar a vários e vários dias em um leito de um hospital,
olhando a vida pela janela do quarto, com o diagnostico de uma doença crônica...Mas doença crônica? O que é isso? O
que pode ser? O que vai acontecer comigo?O que fiz de errado? Por quê? Por quê?
Por quê?....derrepente fui invadida por perguntas sem respostas, pois me achava
normal dentro de todas as normalidades de uma pessoa que estava lutando pra
viver, trabalhava, estudava, era boa filha, boa irmã, ótima tia, amiga
enfim...por que era a pergunta que não calava....
Descobri que
a palavra crônica significava SEM CURA!!!...e isso pesou...e pesou muito
mesmo...
Se não tem
cura como viverei com essa doença? Diagnostico preciso no dia 20 de maio
de 1999, véspera do meu aniversario, lembro dessa data com todos os detalhes
mais precisos, eu e minha mãe indo pro consultório medico com o coração cheio
de esperanças, depois de meses internadas com os cabelos curtinhos devido a
queda e com o corpo muito fragilizado devido as altas dosagens de medicamentos,
estávamos lá achando que ganharíamos o maior presente de aniversario que seria
um resultado negativo para o LES, prontinhas pra ouvir o resultado....Foi
quando a doutora Maria Luiza leu o resultado olhou pra mim e interpretou assim:
Você é portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico. Naquele momento me senti
sentenciada, como assim? O que é isso? Posso ter uma vida normal? Como peguei
isso? Posso ter filhos? O que vai acontecer comigo? Vou morrer???...........Foram
as duvidas de mais um recomeço, tudo o que é novo assusta no primeiro instante,
mas depois a gente acostuma, foi muito difícil naquele momento meu mundo
desabou, me sentia caindo num buraco sem fundo, e me perguntava o porquê de
tudo aquilo estar acontecendo comigo, que gostava tanto de viver, ficamos
varias horas no consultório e por mais que
a doutora explicasse e tentasse tirar as duvidas eu não conseguia
aceitar.
Não via
razão pra continuar e nem queria viver com tantas limitações, porem, a força
que tive através de parente e amigos me tiraram daquele buraco e me trouxeram
pra luz, lembro bem que não queria retornar os estudos e minhas amigas iam me
pegar em casa pra sala de aula, tive todo apoio e carinho de todos... Há mais
não foi fácil não tomar corticóides, cloroquinas, remédio pra dor, remédio pra
dormir todos os dias e viver uma vida limitada, logo pra mim... Não foi nada fácil...
Mais posso
dizer que essa fase da minha vida passou, tive novos desafios, novas etapas,
consegui concluir o magistério e uma formação integral tudo ao mesmo tempo,
nesse momento me vi forte na fraqueza,.
Um episodio
da minha vida muito marcante nesse recomeço foi a resposta que tive com relação
ao lúpus , na porta do consultório em um dia normal de consulta rotineira,
nesse momento sempre busco fazer amizades e trocar experiências, ali naquele
pequeno espaço de tempo compartilhamos estórias e nos fortalecemos, engraçado
que durante esses 10 anos apenas 1 homem eu encontrei com o diagnostico de lúpus,
essa doença atinge mais o sexo feminino; bem mais voltando, nesse dia
especifico conheci uma mulher que já estava com 13 anos com lúpus ela estava
muito abatida e aparentemente cansada, me aproximei dela pra conversar e ela
começou a falar da vida dela e de suas inseguranças, muito triste com seu
casamento ela dizia que não agüentava mais que mentia pro esposo sobre as dores
que sentia, pois ele duvidava dela, ele achava que por estar aparentemente bem
não sentia nada e que ela estava fazendo corpo mole, ela dizia que ninguém entenda
e que já não tinha mais prazer em viver...fiquei ali só ouvindo suas historias,
muitas vezes o ouvir e a única coisa que procuramos, alguém que ouça e entenda
e não duvide...Dai depois foi a minha vez contei pra ela vários desafios que eu
tinha superado mesmo com lúpus, que tinha acabado de me separar que tinha
sofrido muito,porem, poderíamos procurar o amor de Deus e comecei a falar de
Jesus pra ela é mostrar que a vida vale a pena enquanto pudermos respirar, ate
que chegou a vez dela entrar no consultório, naquele momento fiquei a refletir
o quanto ficamos vulneráveis diante das adversidades da vida, mas apesar disso
sempre podemos ajudar alguém, porem eu achava que minhas palavras tinham sido
em vão diante de tanta tristeza que vi nos olhos dela, foi quando Ela saiu do consultório
foi La onde eu estava me deu um abraço e disse no meu ouvido: muito obrigada
você não tem noção do quanto me ajudou, a partir de hoje vou mudar minha forma
de vida, vou dar credito as pequenas e simples coisas da vida, como vc disse
que seu maior prazer e tomar sorvete e passear com a tua menina, e que podemos
fazer isso, enquanto muitos não podem, obrigada mesmo Deus colocou você no meu caminho
pois eu já não tinha mais animo pra continuar, e daí ela foi embora no seu rosto a tristeza tinha dado lugar a
esperança e ela já conseguia ate sorrir...
Naquele instante fiquei tão comovida que não contive uma
lagrima, mas era de alegria de felicidade mesmo, pelo menos naquele instante eu
entendi que eu precisava ter lúpus pra poder ajudar aquela mulher entender o
que se passava no seu coração e como mudar aquilo tudo, e tentar acender uma
luz de esperança na sua vida.
Fiquei feliz e também aprendi uma lição, as adversidades vêem
pra nos fortalecer pra podermos ser útil a alguém, de que me adianta tanto
sofrer e não vou poder ajudar alguém com isso, a vida é assim, a cada dia que
passa temos a oportunidade de faze-la vale a pena apesar das adversidade...
Não posso evitar o que sinto; porem posso determinar o que
fazer a respeito..
Obrigada Deus...